quarta-feira, 11 de abril de 2012

Lesionado, Julio Cesar vira fã e leva pai, ex-Seleção, de volta ao Olímpico

A nova lesão no joelho que tira Julio Cesar do jogo desta quarta contra o Ipatinga, às 19h30, pela Copa do Brasil, também atrapalha um encontro especial. Pela primeira vez desde que desembarcou em Porto Alegre para atuar no Grêmio, o lateral-esquerdo teria a chance de ser observado de perto pelo pai nas cadeiras do Estádio Olímpico. Mas, é bom ressaltar, o infortúnio apenas atrapalhou, jamais impediu. Em vez de estarem separados pela bola, ambos assistirão juntos à partida que vale vaga nas oitavas de final do torneio.
Julio Cesar Coelho de Moraes não chega à capital gaúcha sozinho. Vem com a mais uma filha e um punhado de amigos. O motivo da visita não é exatamente o filho que carrega o seu nome. A caravana carioca passa pelo Rio Grande do Sul porque a neta Beatriz, filha caçula do lateral com a esposa Fernanda, completa um ano na quinta-feira (a outra filha, Manuela, está prestes a fazer três anos).
Pisar novamente em Porto Alegre é revisitar o passado para o ex-jogador. Na década de 1980, vestiu a camisa do Inter. Atendia apenas por Cesar e era conhecido como um atacante de muita velocidade. Seus grandes momentos foram antes, no Vasco e no Palmeiras. No Colorado, lamenta ter perdido um Gauchão para o Grêmio e ter deixado o clube sem títulos. A derrota aconteceu na sua única partida no Olímpico, recorda - palco que voltará a frequentar nesta noite.
- Foi ótimo, gostei muito da cidade na época, muito acolhedora - conta, em contato por telefone direto da Ilha do Governador, onde mora no Rio. - Ele (Julio Cesar) sempre elogia a cidade para mim, fala bem, já está adaptado.
esar rodou o Brasil. Inclusive, serviu à Seleção Brasileira de Telê Santana. Por pouco, não foi à Copa de 1982. Considera que a transferência para o Sevilla, da Espanha, o tenha afastado dos olhares do treinador.
Cesar encerrou a carreira em 1992, no Barra de Teresópolis. Abriu uma escolinha do Vasco e foi peça fundamental para aumentar o interesse do filho pelo futebol. Julio Cesar já frequentava espaços dedicados ao esporte em São Paulo, levado pela mãe Silvia. Quando foi morar com o pai no Rio, o sonho tomou corpo e passou a dar seus primeiros passos como meia-esquerda.
- O início dele foi comigo. Tinha 14 anos, ficou até os 15, quando foi para a Portuguesa da Ilha do Governador - relembra o pai, também canhoto.
- Meu começo foi tranquilo porque eu tinha o apoio dele, que foi jogador, sabia como as coisas funcionavam. Me ajudou bastante - atesta o lateral.
- Eu digo que a única coisa que ele não conseguiu foi convocações para a Seleção. Eu sacaneio mesmo - se diverte Cesar. - Como resposta, ele me provoca com os títulos, que tem muito mais do que eu. Já foi campeão brasileiro (pelo Fluminense, em 2010). Ele tem estrela, sempre vem algo bom.
A primeira chance de Julio Cesar no profissional foi no Bangu, em 2002. A partir daí, acumulou mais oito clubes até aportar no Olímpico. A vida de andarilho é cópia fiel da trajetória do pai. Mas a dupla trata de encontrar diferenças e travar "briguinhas" - sempre saudáveis, garantem.
Depois de uma década dedicada aos garotos da escolinha, Cesar se formou em técnico de futebol, mas optou por não seguir a profissão, alega "não ter jeito nem paciência". A mesma opinião tem o filho. Julio Cesar não se vê no meio do futebol após a aposentadoria.
- Acho que não sentirei falta disso - projeta o gremista.
Hoje, é possível encontrar Cesar, aos 57 anos, circulando pelas ruas cariocas em seu táxi. Mesmo longe da bola, aproveita para dar uma dica ao filho, em sintonia com a sua veia artilheira, sempre acesa. Quer ver Julio chutando mais a gol.
Lesionado, por ora, o lateral vai ficar só na teoria. Tempo para conversas, conselhos e provocações pai e filho terão de sobra durante Grêmio x Ipatinga, na torcida em família a ser armada esta noite no Olímpico.

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