quinta-feira, 12 de abril de 2012

Paulo Nunes: Grêmio não tem meias velozes para jogar sem centroavante


Zé Alcino, que jogou ao lado de Paulo Nunes, considera importante ter duas possibilidades de formação.

Multicampeão pelo Grêmio nos anos 90 e referência do clube nas conquistas daquela década, Paulo Nunes assistiu a Grêmio x Ipatinga na noite de quarta-feira. Gostou da vitória. E analisou com cuidado a atuação de Miralles e Bertoglio, que marcaram gols e que não apenas a partir de ontem sofrem o assédio da torcida pela titularidade. O ex-jogador, no entanto, ainda prefere ver o Grêmio com um centroavante e um segundo atacante. O motivo, para ele, é simples: faltam meias de ligação ágeis e habilidosos para que Luxemburgo possa escalar a dupla de argentinos junta, desde o início.

— Pelo o que vi, o Grêmio não tem esse meio. Fica mais complicado. Se tivesse alguém para colocar a bola limpa para o atacante ou mesmo finalizar, aí certamente seria melhor. Mas não vejo no Grêmio, hoje, um jogador para chegar fácil à frente. Assim, é preciso jogar com um homem fixo para segurar a bola, fazer o pivô e esperar os meias chegarem — analisa Paulo Nunes, que elogia o potencial de Bertoglio principalmente devido ao seu ímpeto de arriscar: — Ele é rápido, vai para cima, não tem medo. Mas ainda tem que evoluir. Temos que ver como o time vai ser armado — complementa.

Campeão brasileiro em 1996 e da Copa do Brasil em 1997 ao lado de Zé Alcino, Paulo Nunes enaltece Léo Gago. Diz que admira seu futebol, mas crê que o volante não tenha arranque suficiente para fazer o papel de um meia: — É preciso ter visão de jogo, saber chegar dentro da área. Ele tem dificuldade nisso. Mas tem um chute que não tenho nem o que falar. Com atacantes rápidos, fica um buraco entre a linha de ataque e o meio. Normalmente, quem não é propriamente meia-atacante não consegue chegar fácil na área — avalia.

No Brasil, Paulo Nunes sempre foi segundo atacante, exceto no Grêmio de 1996 e 1997, quando jogava mais centralizado, com Zé Alcino mais aberto pelas pontas — principalmente, pela direita. Em contrapartida, atuou ao lado de homens de referência como Gacúho, no Flamengo; Jardel, no Grêmio; João Pinto, no Benfica; e Oséas e Evair, no Palmeiras.

Do Grêmio vitorioso dos anos 90, lembra das constantes chegadas à frente de Goiano e Carlos Miguel. Diz que Luxemburgo sabe que não pode utilizar dois atacantes velozes sem ter um bom meia, que ele exemplifica em nomes como Alex (ex-Palmeiras e Cruzeiro), Zinho e o próprio Carlos Miguel dos tempos de Grêmio.

Zé Alcino: "Não há vantagem, nem desvantagem. As duas opções são importantes"Parceiro de Paulo Nunes nos times vencedores da segunda metade da década de 90, Zé Alcino largou o futebol em 2009. Mas se recorda com clareza da maneira como atuava ao lado do companheiro na melhor fase de sua carreira: — O Paulo Nunes fazia mais a função do centroavante, pelo meio, mais fixo. Mas era um atacante. Éramos dois atacantes cumprindo funções táticas bem definidas. Eu tinha facilidade para voltar e marcar para recompor o meio. Havia muita concorrência também. Se eu não me esforçasse, estaria fora — lembra.

Zé Alcino jogou no Grêmio entre 1996 e 1999. Conta que pegou o gosto de fazer gols apenas no final da sua trajetória no futebol. Gostava de servir. E não aponta vantagem e nem desvantagem no fato de jogar com dois atacantes de grande movimentação ou com um centroavante mais centralizado na área.

— É questão de oportunidade, de dar resultado e sequência. Na época, tinha o Paulo Nunes e o Jardel, depois o Zé Afonso, e mais eu. Tínhamos duas opções para mudar o jogo. Não há vantagem e nem desvantagem. Acho importante ter as duas opções. Eu tinha força, era um jogador de arrancada. Mas às vezes jogávamos os três juntos — diz, referindo-se à parceria com Zé Afonso.

O Grêmio que tinha uma característica forte na bola aérea incorporou o jogo veloz com a chegada de Zé Alcino. Dos cruzamentos para Jardel e Zé Afonso, aos passes curtos e rápidos entre os meias e os atacantes de movimentação, costumava sair de campo vencedor.

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